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Professores convidados

  • Profa. Dra. Aurora Conde Muñoz (Universidad Complutense de Madrid – UCM)

https://orcid.org/0000-0003-0167-5926

Profa. Titular de Filologia Italiana. No Doutorado em Estudos Literários da UCM seus interesses de ensino e pesquisa estão na relação entre literatura contemporânea e as artes plásticas. Participa de diferentes grupos de pesquisa em nível europeu: “Escritura e imagem. A Europa da escrita” (HUM-930196), “A Europa da escritura (AFC2001-0012-CO). Foi Visiting Professor em diferentes instituições. Possui livros e ensaios em diferentes revistas científicas e publicações dedicadas a W.G. Sebald, C. Pavese, G. Ungaretti, E. Montale, G. Bassani, além de estudos sobre fotografia e cinema. Tem interesse pelos seguintes eixos: Literatura, Artes Plásticas e Cinematograficas; Escritura e imagem; Morte e escritura na ficção pós-moderna; Literatura Comparada.

Disciplina: Visibilidade: as ondas concêntricas; entre escrita e imagem

Período UFSC: 6-10 de maio 2019 – ppglitufsc@gmail.com

Período USP: 13-17 de maio 2019 – dlm@usp.br

Programa: As aulas abordarão novas formas de interação e a incursão dominante que a imagem (plástica, cinematográfica, fotográfica) estabelece com a literatura italiana do séc. XX. Iniciar-se-á com a discussão sobre a nova relação e a influência do visual, proposta em sua complexidade de origem, isto é, a partir da “grande crise” dos primeiros anos de 1900. Desta forma, será configurada pela perspectiva teórica – filosofia, estética, criação artística, critica – a grande mudança que escritura e arte enfrentaram no tocante à dúvida relativa ao real e à indefinição referencial. Um amplo espaço será dedicado, nesse sentido, ao desenvolvimento do problema que a fotografia colocou a respeito. Com base nesses pressupostos teóricos, serão abordados alguns textos específicos em que a coincidência entre artes visuais e literatura (relação escrita/imagem) deixou rastros particularmente marcantes, contribuindo assim, nesta fusão metatextual, para uma radical renovação dos conteúdos e das temáticas. Os temas a serem estudados – todos transversais e identificáveis, com mais ou menos intensidade, em todos os autores a serem trabalhados – são: o espaço/tempo, a fragmentação do Eu, a memória, a morte. Estes tópicos, que dão título às aulas, serão abordados mediante a análise de uma seleção textual de escritores italianos (por exemplo, C.E. Gadda, E. Montale, G. Bassani, I. Calvino, G. Manganelli, P.P. Pasolini, A. Tabucchi) colocados em relação direta com obras de fotógrafos, pintores, diretores (por ex., G. Morandi, F. De Pisis, M. Antonioni, P. Sorrentino, F. Scianna, N. Migliorini, M. Jodice). Será sempre adotada uma abordagem amplamente transversal e interdisciplinar, procurando dar um recorte comparatista que coloque a produção italiana no contexto da europeia. Para tal fim, serão citados e integrados nas aulas referências a autores e obras internacionais de significado e conteúdo particularmente afins às italianas (por ex., P. Almodóvar, A. Resnais, J. Marías, E. Vila Matas, T. Bernhard, W.G. Sebald). A abordagem crítica será também transversal e contará com a leitura de autores como P. Ricoeur, J. Starobinski, R. Barthes, M. Foucault, G. Didi-Huberman.

Aula 1: A grande crise – O estatuto órfão do sujeito (“as grandes mortes”). A desolação do aparecer do vazio: do luto à melancolia. A crise do real e a desintegração do referente. A mudança do paradigma espaço/tempo. O Ser como duração. A consciência do presente. O Eu fragmentado. Memória e identidade. A morte e o processo de recuperação. O real como imagem.

Aula 2: A mutação do espaço/tempo (Gadda, Calvino)

Duração e presente; do tempo linear à temporalidade circular; as cenografias do Eu.

Aula 3: A fragmentação do Eu (vários autores)

A dissolução da identidade. O Eu como processo de perdas; a alteridade; o outro como espelho; ficção e autoficção.

Aula 4: A memória (Bassani, Montale)

A reconstrução pós-memorial; o vivido, o contado; ver para crer?

Aula 5: A morte (Pasolini, Tabucchi, Manganelli)

O mal de viver ou a vida como doença; as novas estruturas espectrais; morte real e morte escritural (o fim da arte).

Mc Hale: Postmodernist Fiction(1987).

C .J. Jung: Los arquetipos y lo inconsciente colectivo. (Madrid, 2002)

E. Gadda:La cognizione del Dolore

Rella:La responsabilità del pensiero: il nichilismo e i soggetti(Milano, 2009)

Rella. Dall’esilio: la creazione artistica come testimonianza(Milano, 2004)

Agamben: Il fuoco e il racconto(Roma, 2014)

Bachelard: La poética del espacio. (México, 2002)

Bassani: L’Airone; E. Montale: Ossi di seppia

Deleuze: La imagen tiempo (Madrid, 1987)

Didi-Huberman: Lo que vemos, lo que nos mira(Buenos Aires, 2004).

Didi-Huberman: Cuando las imágenes toman posición, (Madrid, 2008).

Steiner: En el castillo de Barba Azul: aproximación a un nuevo concepto de cultura, (Barcelona, 1991).

Bergson: (2006). Materia y memoria. Ensayo sobre la relación del cuerpo con el espíritu. (Madrid, 2006).

Calvino:LeCittà Invisibili

J .Baudrillard lo scambio simbolico e la morte (Milano, 2007)

Starobinski: “L’impero dell’ immaginario”, in La relation critique(Paris, 1970)

Starobinski: Las palabras bajo las palabras(Barcelona,1996)Jung: Recuerdos, sueños, pensamientos(Madrid, 1990)

Lejeune: Le Pacte autobiographique( Paris, 1975)

Foucault: Esto no es una pipa, (2004).

Foucault: La volonté de savoir. Droit de mort et pouvoir sur la vie, (Paris, 2006)

Hirsch Family Frames: Photography, Narrative, and Postmemory(Harvard, 1997)

Ricoeur: La lectura del tiempo pasado: memoria y olvido, Madid,1999)

Ricoeur: Sí mismo como otro, (Madrid, 1996)

P.P. Pasolini: Opera lirica e filmica; A. Tabucchi, Réquiem, Tristano muore; G. Manganelli: La palude definitiva.

Barthes: “La muerte de un autor”. El susurro del lenguaje(Barcelona, 1987)

Barthes: Camera Lucida(Paris, 1981)

R.P. Harrison: Il dominio dei morti(Roma, 2004)

R.P. Harrison: The Generation of Postmemory: Writing and Visual Culture After the Holocaust. (Columbia, 2012).

 

  • Prof. Dr. Enrico Testa (Università di Genova – UNIGE)

orcid.org/0000-0003-0826-2294

Prof. Titular de História da Língua Italiana. Seus interesses de pesquisa são: a  poesia do século XX em seus aspectos textuais e antropológicos, a narrativa e estratégias da “simplicidade”. Possui livros e ensaios dedicados ao estudo do sujeito na poesia, G. Caproni, E. Montale, E. Sanguineti. Tradutor de Philip Larkin. Como poeta publicou: Le faticose attese (1988), In controtempo (1994), La sostituzione (2001), Pasqua di neve (2008), Ablativo(2013), Cairn(2018).

Disciplina:

Às margens da poesia e do romance. Da língua suspensa entre gramática e sentido ao personagem menor da narrativa

Período UFSC: 26-30 de agosto 2019

Período USP: 2-6 de setembro 2019

Programa: Neste ciclo de aulas pretende-se abordar, examinando alguns textos poéticos e narrativos, um ponto crucial da reflexão sobre a linguagem, resumível na questão: “Gramática e língua coincidem? Ou há fenômenos que escapam dessa equivalência presumida e totalizante?”. Para tal fim, após propor as definições mais usuais de “gramática”, serão pontuados e problematizados aspectos verbais que parecem fugir de um rígido enquadramento gramatical, como onomatopeias, interjeições, sinais discursivos, reticências, elementos dêiticos, etnônimos, episódios do assim chamado “discurso interior” – verdadeiros casos de texto agramatical – e o fenômeno singular de “gramáticas em conflito”, representado pela tradução poética. Na convicção de que o nexo entre marginalidade e literatura não é um aspecto redutível unicamente à dimensão linguística, será tratado, finalmente, o papel da personagem menor no romance, considerado como uma espécie de interjeição no tecido, diegético, “lógico” e, logo, gramatical da narração.

Aula 1: Toda regra tem suas exceções

O que é a gramática? Etimologia e história do termo. Especificidades da gramática do italiano. Gramática de frase e gramática do texto. Alguns primeiros fenômenos fundadores da linguagem e da textualidade, mas laterais à gramática como código: onomatopeias, interjeições e sinais discursivos. Leitura e comentário de Dialogo, de Giovanni Pascoli (de Myricae), Lamento I e III de Giorgio Caproni (de A passagem de Enéas).

Aula 2: A palavra entre contexto e silêncio

Análise da ancoragem situacional do discurso (a dêixis), do uso depreciativo e ideológico da categoria linguística dos etnônimos e, no polo oposto, do significado do silêncio e do gênero específico do “discurso interior” ou endofasia. Exemplos da língua comum e jornalística. Leitura e comentário de trechos de Narratori delle pianure [Narradores das planícies] e Quattro novelle sulle apparenze [Quatro contos sobre aparências], de Gianni Celati e de O jogo do reverso, de Antonio Tabucchi. Análise de La piccola cordigliera [A pequena cordilheira] e Il vetrone [A lâmina de gelo], de Giorgio Caproni (de Il Conte di Kevenhüller [O conde de Kevenhüller]e Il muro della terra [O muro da terra]). Exemplos de Diario, de Jacopo da Pontormo.

Aula 3: A gramática desengonçada e as gramáticas no espelho

Leitura e comentário de textos “desgramaticados” de duas semicoletâneas: uma mística do século XVII (S.Veronica Giuliani, Diario, 17-18 de janeiro de 697) e um pícaro emiliano do século XX (P. Ghizzardi, Mi richordo anchora [Ainda me lembro]). E, no polo oposto de complexidade, o caso da translação da palavra poética de uma língua e de um sistema de regras para outra língua e suas regras. Exemplos de tradução poética retirados do Quaderno di traduzioni [Caderno de traduções], de Eugenio Montale.

Aula 4: O personagem no romance

Premissa à marginalidade narrativa: uma tentativa de distinção entre dois grandes tipos de personagem de romance, com exemplos de textos italianos e estrangeiros.

Aula 5: Quase uma gralha ou um erro: o personagem menor

Qual é a função dos personagens que aparecem de forma elíptica no desenvolvimento da trama? Algumas vezes parecem enquadráveis no estatuto do grito, outras vezes no estatuto da pausa de silêncio, do comentário à margem ou da exclamação. Por meio de uma série de casos tentaremos identificar alguns traços constantes e de união.

Agamben. Il linguaggio e la morte, Torino, Einaudi, 1982.

Agamben. Categorie italiane. Roma-Bari: Laterza, 1996.

Agamben. Infanzia e storia. Torino, Einaudi, 1978.

Agamben, Pascoli e il pensiero della voce. Prefazione a G. Pascoli, Il fanciullino, Feltrinelli, Milano 1982, pp. 7-21.

Barthes, Perché amo Benveniste; La divisione dei linguaggi, in Id., Il brusio della lingua. Saggi critici IV, Einaudi, Torino 1988, pp. 173-177; 99-111.

Bazzanella, Segnali discorsivi, in Enciclopedia dell’italiano, cit., pp. 1303-1305*

Bazzanella, Linguistica e pragmatica del linguaggio: un’introduzione, Laterza, Roma-Bari 2009.

Blanchot. Il libro a venire, Torino, Einaudi, 1969.

G.R. Cardona, Introduzione all’etnolinguistica, Torino, Utet 2006, pp. 183-202.

G.R. Cardona, Testo interiore, testo orale, testo scritto; Linguaggio, pensiero e razionalità; Modalità linguistiche della preghiera interiore, in G.R. Cardona, I linguaggi del sapere, a cura di C. Bologna, Laterza, Roma-Bari 2006, pp. 333-344; 355-361; 362-367.

D’Achille, L’italiano dei semicolti, in Storia della lingua italiana, a cura di L. Serianni e P. Trifone, vol. III, Einaudi, Torino 1994, pp. 41-79.

Cignetti, Interiezione, in Enciclopedia dell’italiano, cit., pp. 671-674*

Mortara Garavelli, Manuale di retorica, Bompiani, Milano 1997, pp. 253-254 e 319-320.

Foucault. Il pensiero del fuori. SE. Milano, 1998.

Garroni, L’indeterminatezza semantica: una questione liminare, in Ai limiti del linguaggio, a cura di F. Albano Leoni e altri, Laterza, Roma-Bari 1998, pp. 49-78.

Serianni, Prima lezione di grammatica, Laterza, Roma-Bari 2006.

Marazzini, Grammatica, in Enciclopedia dell’italiano, diretta da Raffaele Simone, Istituto dell’Enciclopedia Italiana, Roma 2011, pp. 599-603*

Palermo, Linguistica testuale dell’italiano, Bologna, il Mulino 2013.

Testa, Pascoli, Giovanni, in Enciclopedia dell’italiano, cit., pp. 1072-1074*

Testa, Prefazionea E. Montale, Quaderno di traduzioni, il cannetto il lungo, Genova, 2018.

Testa, Eroi e figuranti. Il personaggio nel romanzo, Einaudi, Torino 2009.

Testa, Il personaggio minore come risorsa etica del romanzo, in I personaggi minori. Funzioni emetamorfosi di una tipologia del romanzo moderno, a cura di S. Sbarra, Pacini, Pisa 2017, pp. 171-198.

Vanelli e L. Renzi, La deissi, in Grande grammatica italiana di consultazione, a cura di L. Renzi, G. Salvi e A. Cardinaletti, vol. III, Bologna, il Mulino 1995, pp. 261-375.

Woloch, The One vs. the Many. Minor Characters and the Space of the Protagonist in the Novel, Princeton University Press, Princeton 2003, pp. 125-176.