Jornada Literatura e arte no pensamento italiano: relações com o fora
23/04/19 – UFSC
Jornada Literatura arte e pensamento italiano: relações com o fora
Sala Machado de Assis – CCE
14h- Apresentação do Projeto Escola de Altos Estudos – CAPES
- Lucia Wataghin (USP)
- Patricia Peterle (UFSC/CNPq)
- Andrea Santurbano (UFSC)
- Maria Aparecida Barbosa (UFSC)
- Ana Luiza Andrade (UFSC)
- Francisco Degani (Pós-doutorando PPGLit/UFSC)
15h – Mesa- redonda: Outras margens e atravessamentos
- Agamben e Lindote, uma conversa sobre o que é contemporâneo na arte – Profa. Rosangela Cherem (UDESC).
Resumo: Na tela apresentada no MASC por Fernando Lindote, em razão do 6º Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas 2017-2018, intitulada DO QUE É IMPOSSÍVEL CONTER, DEPOISANTES (óleo sobre tela, 2018, 200 x 300 cm), há uma questão temporal que permite estabelecer uma relação com a noção de contemporâneo em Giorgio Agamben que pode ser assim formulada: do que falamos qdo dizemos arte contemporânea?
- Benveniste: a outra margem levando de Agamben a Foucault – Pedro de Souza (UFSC/CNPq)
Resumo: Há muito já dito do que de Giorgio Agamben remete a Michel Foucault. Sobretudo entre os especialistas do filósofo italiano , busca-se nos conceitos, tais como dispositivo, subjetivação, dessubjetivação, entre outros, as marcas advindas do filósofo francês. Não quero aqui reinventar esta ciranda. Nem tampouco entrar nela. Pensando um tanto de fora, quero modestamente considerar um vínculo , a meu ver, marginal, para discorrer acerca do que no pensamento de Giorgio Agamben espelha ou refrata o de Michel Foucault. Contendando-me em permanecer à margem desta brincadeira de roda pensante, apego-me a Emile Benveniste, com a alegria de quem encontra sua menina dos olhos brilhando no trânsito que leva de Agamben a Foucault . Meu ponto de partida é considerar que foi Giorgio Agamben o primeiro a vislumbrar o parentesco entre o que diz o linguista francês Emile Benveniste sobre o sujeito que só se faz na e pela linguagem. Pretendo que o resultado desta breve preleção seja o de mostrar como Agamben elucida o que em Foucault apenas aprece como alusão, ou seja, a dizer, do que resta do sujeito como ato na exterioridade da linguagem e do discurso.
16h -Encerramento
- L’umanesimo disilluso – Prof. Raul Antelo (UFSC).
Resumo: A falta de mediação de um Estado unitário produz, na tradição italiana, a figura de pensadores e artistas em tensão com o poder político local, de Dante e Maquiavel ou Galiléu e Campanella, até Gramsci e Gentile ou mesmo Pasolini. O pensamento italiano não é um pensamento do poder mas da resistência, o que supõe uma certa desterritorialização (Agamben, um filosofo francês que escreve em italiano?). Além das dicotomias já analisadas por Roberto Esposito, comune / immune, conflitto / neutralizazzione, potenza / potere, minha especulação tomará como objeto a reflexão de Luciano Anceschi (1911-1995), de profunda marca em Nanni Balestrini, Edoardo Sanguineti ou Giorgio Manganelli, através de sua revista, Il Verri. A partir de Anceschi, tentarei mostrar a marca em um filósofo e um escritor. O filósofo é Enzo Melandri, responsável por uma deconstrução da metafísica e do cristianismo, não muito distante aliás do esforço teórico de Jacques Derrida ou Jean-Luc Nancy, em que a relação entre o homem e o mundo, a tal prosa do mundo perseguida por Foucault, permanece indecidível, não-unívoca e só se manifesta através dos gêneros literários, que dela dão testemunho mas traçam, simultâneamente, o limite de uma tal experiência. O escritor é J. R. Wilcock, quem, em textos esparsos dos anos 50, pensa o centro (Paris) a partir das margens (a Roma seiscentista) produzindo uma elipse barroca, em que “l´Europa, che colonizzava le Indie, era a sua volta colonizzata da loro…”, ou seja, produzindo o curioso conúbio de Le nozze di Hitler e Maria Antonieta nell’inferno.