Jornada Literatura e arte no pensamento italiano: relações com o fora

23/04/19 –  UFSC

Jornada Literatura arte e pensamento italiano: relações  com o fora

Sala Machado de Assis – CCE

 

14h- Apresentação do Projeto Escola de Altos Estudos – CAPES

15h – Mesa- redonda: Outras margens e atravessamentos

Resumo: Na tela apresentada no MASC por Fernando Lindote, em razão do 6º Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas 2017-2018, intitulada DO QUE É IMPOSSÍVEL CONTER, DEPOISANTES (óleo sobre tela, 2018, 200 x 300 cm), há uma questão temporal que permite estabelecer uma relação com a noção de contemporâneo em Giorgio Agamben que pode ser assim formulada: do que falamos qdo dizemos arte contemporânea?

Resumo: Há muito já dito do que de Giorgio Agamben  remete a Michel Foucault. Sobretudo entre os especialistas do filósofo italiano , busca-se nos conceitos, tais  como dispositivo, subjetivação, dessubjetivação, entre outros, as marcas  advindas do filósofo francês. Não quero aqui  reinventar  esta ciranda. Nem tampouco  entrar nela. Pensando um tanto de fora, quero modestamente  considerar   um vínculo , a meu ver,  marginal, para discorrer  acerca do que no pensamento de Giorgio Agamben espelha  ou refrata o de Michel Foucault. Contendando-me  em  permanecer à margem  desta brincadeira de roda pensante,  apego-me a Emile Benveniste, com a  alegria de quem encontra   sua menina  dos olhos brilhando no trânsito que leva  de Agamben a Foucault . Meu ponto de partida  é considerar  que  foi Giorgio Agamben o primeiro a  vislumbrar o parentesco entre o que diz  o linguista francês Emile Benveniste sobre o sujeito que só se faz na e pela linguagem. Pretendo que o resultado desta breve preleção  seja o de mostrar  como Agamben elucida o que em Foucault apenas  aprece como alusão,  ou seja,  a dizer, do que resta do sujeito  como ato na exterioridade  da linguagem e do discurso.

16h -Encerramento

Resumo: A falta de mediação de um Estado unitário produz, na tradição italiana, a figura de pensadores e artistas em tensão com o poder político local, de Dante e Maquiavel ou Galiléu e Campanella, até Gramsci e Gentile ou mesmo Pasolini. O pensamento italiano não é um pensamento do poder mas da resistência, o que supõe uma certa desterritorialização (Agamben, um filosofo francês que escreve em italiano?). Além das dicotomias já analisadas por Roberto Esposito, comune / immune, conflitto / neutralizazzionepotenza / potere,  minha especulação tomará como objeto a reflexão de Luciano Anceschi (1911-1995), de profunda marca em Nanni Balestrini, Edoardo Sanguineti ou Giorgio Manganelli, através de sua revista, Il Verri. A partir de Anceschi, tentarei mostrar a marca em um filósofo e um escritor. O filósofo é Enzo Melandri, responsável por uma deconstrução da metafísica e do cristianismo, não muito distante aliás do esforço teórico de Jacques Derrida ou Jean-Luc Nancy, em que a relação entre o homem e o mundo, a tal prosa do mundo perseguida por Foucault, permanece indecidível, não-unívoca e só se manifesta através dos gêneros literários, que dela dão testemunho mas traçam, simultâneamente, o limite de uma tal experiência. O escritor é J. R. Wilcock, quem, em textos esparsos dos anos 50, pensa o centro (Paris) a partir das margens (a Roma seiscentista) produzindo uma elipse barroca, em que “l´Europa, che colonizzava le Indie, era a sua volta colonizzata da loro…”, ou seja, produzindo o curioso conúbio de Le nozze di Hitler e Maria Antonieta nell’inferno.