Juliana Oliveira | Universidade Federal de Santa Catarina

Juliana Oliveira

Universidade Federal de Santa Catarina
Bolsista PIBIC-CNPq
Atua no Dicionário Bibliográfico de Lit. Italiana Traduzida


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Projeto de Pesquisa | Conectando Culturas


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Bolsista (PIBIC 2023-2024 CNPq)

No âmbito das atividades de pesquisa do projeto Conectando Culturas (CNPq 407739/2022-0), que tem como um dos eixos o desenvolvimento e alimentação do Dicionário da Bibliográfico Literatura da Italiana Traduzida no Brasil, o objeto deste plano de trabalho é refletir sobre a circulação da poesia do poeta Guido Cavalcanti (1255-1300), um dos principais autores do chamado dolce stil novo, a partir das leituras e releituras feitas por Haroldo de Campos.
A poesia de Guido Cavalcanti tem uma marca muito moderna, que foi percebida e retomada por alguns poetas mais do que significativos. De fato, esse caráter moderno foi enfatizado e retomado por vários poetas de diferentes latitudes. Aqui, seria impossível registrar todas as ocorrências, mas algumas emblemáticas são:1) T.S. Eliot, em Ash-Wednesday (1930), propõe uma variação de uma das baladas mais famosas de Cavalcanti, também conhecida como balada do exílio: “Because I do not hope to turn again”. “Perch’i’ no spero di tornar giammai”, central para pensar o “eu” como um personagem, balada que possui uma série de ligações com o soneto das “tristes penas aturdidas”; 2) Giorgio Caproni na abertura de seu importante livro Il seme del piangere (1959); 3) os versos anafóricos de Antonella Anedda: “Perché non spero eccomi nel lutto”, “Poiché non spero più che avanzando […]” e “Poichè non spero più resto davanti alla mia forma”, no poema “Corsica 1980”, em Salva com nome (2012); 3) a tradução e os textos dedicados por Ezra Pound à poesia de Cavancati; 4) o interesse de alguns concretistas, como Haroldo de Campo (que também traduz GC) por esse poeta, citado inclusive em alguns manifestos.
Pound, Cavalcanti e Haroldo de Campos formam sem dúvida uma triangulação. O poeta e teorizador da Poesia Concreta recorre mais de uma vez aos poetas do Dolce Stil Novo em diferentes momentos. É a Guido Cavalcanti, mestre e amigo de Dante, a quem Haroldo recorre para pensar e refletir sobre o autor da Comédia. Abre-se aqui um vórtice de leituras, traduções e contaminações, nas palavras do próprio Haroldo: traduz (treslê?/ tresluz)”. Temos um Cavalcanti que chega a Haroldo, via Pound (Haroldo também tradutor de Pound), via Dante.[ Esses entrelaçamentos, trans(entre)tecido”, ficam mais claros no volume Pedra e luz na poesia de Dante Alighieri (1998), no qual encontramos uma proposta de tradução para o português da mesma balada cavalcantiana acima mencionada. “Porque eu não espero retornar jamais, / Baladeta, à Toscana / Vai então, reta e plana” são os primeiros versos da tradução de Haroldo que, nas páginas seguintes desse pequeno e precioso volume, assumem também uma coloração própria: “Porque eu não espero retornar jamais / à Lira Paulistana, / Diz aquela Diana […]”.
O objetivo, então, deste plano de trabalho é, no âmbito da proposta geral do projeto Conectando Culturas, mapear as relações entre Haroldo de Campos e Guido Cavalcanti. Algumas perguntas que se tornam eixo dessa investigação são: como Haroldo de Campos lê Guido Cavalcanti em meados do século XX? O que ele decide traduzir de Guido Cavalcanti? O que ele escreve sobre esse autor, lembrando que escrever é também indicar preferências e fazer apropriações.

Bolsista (PIBITI 2022-2023 CNPq)

Em relação às pesquisas voltadas à elaboração e registro de verbetes, além dos dados básicos, tais como autor, título da obra traduzida, título original, ano de publicação do original e da tradução, nome(s) do(s) tradutor(es), cidade da editora, nome da editora, as bases de registro informático (site) assinala também, quando for o caso, a presença de prefácios, posfácios, introduções e seus respectivos autores, reunindo em uma única sede, conjuntos de informações fundamentais ao mapeamento da literatura italiana traduzida no Brasil.
Inicialmente, ao me deparar com a plataforma pela primeira vez, recebi orientações detalhadas. Quaisquer dúvidas referentes ao cadastro de obras e a dinâmica do site eram sanadas com encontros semanais do grupo de bolsistas. É relevante destacar que minha atuação se concentrou nos cadastros das obras de referência (de base, ou “originais”). Isso se deu em virtude da recente migração do Dicionário para uma nova plataforma e um sistema de dados renovado, tal como especificado na Introdução Geral, acima. Consequentemente, havia quantidade significativa de autores desprovidos de obras registradas. Além disso, muitas obras já cadastradas apresentavam lacunas ou informações equivocadas. Tais omissões incluíam detalhes cruciais como a fonte correta dos dados, editora responsável e, quando aplicável, o ISBN (Padrão Internacional de Numeração de Livro).