Laboratorio di Traduzione – NECLIT

30/08/2022 15:26

Trabalhar é um prazer de Cesare Pavese é o resultado do Laboratório de Tradução realizado pelo NECLIT, sob a coordenação do então pós-doutorando Francisco Degani, realizado em 2019.

São no total 14  contos escritos, muito curtos. Esses contos de Pavese, importante poeta e escritor italiano, que viveu no início do século XX, são carregados de significado, mostram  a necessidade de passar pequenos vislumbres da vida em forma concentrada, onde a precisão da palavra (e este é o grande desafio dos tradutores) assume o plano simbólico em que é possível coexistir presente e passado, realidade e fantasia, tempo e espaço.

O grupo de tradutores é formado por alunos de graduação. alunos de pós-graduação e professores: Agnes Ghisi, Caroline Weiss, Fabiana V. Assini, Helena Bressan Carminati, Iane Poyer, Luiza Kaviski Faccio, Mariele Lucia Tortelli, Nirvana Dornelles, Patricia Peterle, Rossana Cristina Salvador, Tiago Faria.

Um agradecimento especial vai à toda equipe da 7Letras que acreditou no projeto.

Da orelha de Silvana de Gaspari: “Minha vida é tudo menos sedentária; posso até dizer que tive aventuras insólitas, reveses, recomeços, tempestades, e as provações ainda não acabaram.” (p.42) É destaforma que o narrador do conto “Uma Certeza” se descreve. E é como identificamos Cesare Pavese, autor italiano do século XX, escolhido pelo tradutor e organizador Francisco Degani, e pelo Grupo de Prática de Tradução Literária, responsável pelas traduções, para compor esta seleção de narrativas que dão forma ao volume Trabalhar é um prazer. São 14 microcontos e, segundo Degani, a ideia, ao escolher os textos aqui propostos, era trazer ao leitor narrativas de caráter mais intimista, que indicassem o retorno de Pavese ao passado, às suas memórias de infância. E memória se identificacomo palavra-chave desta coletânea. Os contos traduzidos são recortes de vida, visõesde um mundo infantil que olha a realidade e vê seus sonhos e seus anseios com aingenuidade daquele que aguarda que a vida lhe traga o melhor: “O dia em que pareidiante de um milharal e ouvi o farfalhar dos longos caules secos balançando ao ar,recordei algo que há muito havia esquecido. [….] Este é um lugar para se retornar”(p.22). Retornar à infância como respiro para o mundo adulto, talvez como resposta parasua insanidade e suas impossibilidades de perdão pelos sonhos de menino que foramsendo descartados ao longo do caminho. Décio Pignatari, em Errâncias, denominariamagistralmente esse movimento de “biobalanço”. E, ainda, a intensidade destas narrativas curtas nos dão a sensação de doces fluxos de memória, nos identificando comos planos que foram sendo tecidos em nossa infância, algumas vezes com o olhar doceda ingenuidade e outras com o sabor amargo da dura realidade presente.

 

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