Lançamento de Livros | Desarquivando o literário
10 de maio, às 18h
Local: Espaço Zahide Muzart/Varandão CCE
Giorgio Manganelli. Van Gogh não existe. Org. de A. Cortellessa e A. Santurbano. Trad. de Andrea Santurbano
Van Gogh não existe é uma coletânea inédita do escritor Giorgio Manganelli, que reúne 28 textos sobre arte publicados em jornais e revistas ao longo das décadas de 70 e 80. Todo o repertório deste livro é atravessado pela dialética entre a obscura fragilidade das vidas humanas, por definição efêmeras, e a persistência de seus rastros luminosos nas imagens que as representam, ou das quais foram artífices. Mas se Warburg ensinou que ao longo das épocas sobrevivem módulos formais e constantes icônicas, nessas constantes sobrevivem também os reflexos da nossa vida passada.
Patrizia Valduga. Sabe seduzir a carne a palavra. Trad. de Agnes Ghisi e Elena Santi
Resumo: “A poesia de Patrizia Valduga trabalha um erotismo que não é apenas temático, mas é elaborado também na tensão entre a forma e o conteúdo, entre as estruturas poéticas da tradição italiana e os temas tão caros à autora. Apesar de parecer haver uma submissão à forma, a leitura dos poemas sugere, por sua vez, uma subversão: há um embate violento entre as regras poéticas e a linguagem de Valduga – direta, obscena, impudica. À forte dramaticidade dos versos alia-se a sobreposição de falas e um andamento dialógico pouco natural. Aliás, trata-se de poemas pouco ligados à naturalidade da fala. Aqui, tudo é artifício.”
José Saramago. Lezioni italiane. Org Giorgio de Marchis
Il libro riunisce i testi delle conferenze che Saramago ha tenuto in Italia, in un periodo compreso tra il 1989 e il 2003. Ho scelto di pubblicare solo le conferenze di cui esisteva un testo edito (per dire non ho voluto trascrivere registrazione, perché mi sembrava inopportuno). Alcune erano inedite in Italia. L’obiettivo era soprattutto quello di riunire dei testi molto importanti per comprendere la poetica saramaghiana che, prima di Lezioni italiane, erano per lo più dispersi in riviste scientifiche e pubblicazioni di non facile reperimento per il lettore comune. Oltre alle conferenze, il volume include una nota autobiografica che Saramago periodicamente aggiornava.
Krystyna Dabrowska. Agência de viagens. Trad e org. Piotr Kilanowski
«Nas salas abafadas e úmidas cresciam fileiras de deuses». O encontro com a poesia de Krystyna Dąbrowska desabriga as pequenas seguranças, as mitologias miúdas do habitual. De Heráclito a «um agricultor da aldeia Wasiły», do «umbigo de um bebê» às security questions «na página da embaixada dos Estados Unidos», do «orfanato etíope» à «lavadeira grega num avental surrado», produz-se nesta poesia uma cronologia própria da voz, que faz da presença do outro seu meio de propagação: é esta a viagem de Dąbrowska, «paciente, veloz, humilde e insolente». Apresenta-se aqui, em tradução inédita ao português, uma ampla seleção de poemas da premiada poeta polonesa, uma das mais importantes vozes de sua geração. Krystyna Dąbrowska constrói com sua poesia uma cartografia de minúcias, com versos de rigor e erudição, de nitidez e erotismo: «Dois traços horizontais trêmulos — os nossos corpos»; «Que nome os seus dedos têm para mim?». Dąbrowska não é uma poeta prolífica, o que sublinha a rigidez do seu silêncio. Da visualidade arisca de alguns versos às pequenas narrativas que ocasionalmente florescem, as vozes que se entrecruzam ao longo dos poemas são áridas; são zelosas; são conscientes de toda a tradição que a linguagem move em torno de um «eu». «Não sei dizer nós, a não ser que nós / seja o travessão entre eu e tu, / que conduz a fagulha, mas às vezes / é cabo de guerra.»
Patricia Peterle. À escuta da poesia: ensaios
Daria Menicanti. IL CACODÈMONE E IL GRILLO. EL CACODEMON Y EL GRILLO. O CACODEMÔNIO E O GRILO. Edición Trilingüe en Italiano, castellano y portugués (Traducción de Sergio Colella- Silvia Cattoni y Patricia Peterle- Lucia Wataghin.).
Esta traducción es la primera de una serie que busca difundir las poetas de la Escuela de Milán en Sudamérica. Se trata de una versión trilingüe (italiano, español y portugués) de los poemas que componen Il Canzoniere per Giulio de la poeta Daria Menicanti (1914-1995). El volumen pone en valor la poesía de amor con tono humorístico e irónico que Menicanti escribió para Giulio Preti, destacado filósofo y consorte de la escritora. Compuesto por poemas de 4 colecciones: Città come (1964), Un nero d’ombra (1969), Poesie per un passante (1978), Ferragosto (1986) las composiciones se disponen en orden cronológico y presentan, decantadas en la distancia de los años, los momentos de esta intensa y particular relación amorosa. El retrato del filósofo por momentos caricaturesco es evocado a partir del espíritu maligno que sugiere la figura del Cacodemon.
Revista Letras 106. Revista Letras, v. 106, n. 1, mar. 2023Meritxell Hernando Marsal; Denise Regina Sales; Gabriela Soares da Silva; Tiago Guilherme Pinheiro.
Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/90427>.
Os números 106 e 107 da Revista Letras (UFPR) apresentam o dossiê temático “Palavras em Fúria: imagens de resistência e rebeldia femininas na literatura dos séculos XX e XXI” que reúne artigos que buscaram dialogar com uma iconografia frequente nas artes dos últimos 120 anos de figuras femininas que encarnam o anúncio da rebelião, movimentos de resistência, lutas políticas e movimentos de resistência, de Lilia Brik a Marielle Franco, de Rosa Luxemburgo a Angela Davis. As edições contam com contribuições de Patricia Peterle, Piotr Kilanowski, Veronica Stigger, Raúl Antelo, Maura Voltarelli, Aurora Bernardini, Be Regina Guimarães Barboza, Luci Rivka Ramos Mendes, Joaquín Correa, Angela Guida, Bruna Franco, Maurício Fernando Pitta, Rodrigo Lobo Damasceno, Ana Cecília Olmos, Margareth dos Santos, Mariana Ruggieri, Jorge Vicente Valentim, Algemira de Macêdo Mendes, Jéssica Maria Cruz Silva, Marcela Filizola, Beatriz Mendes e Madruga, Andrey Pereira de Oliveira, Alinne Balduino P. Fernandes Sophia Catarina Rosa, Geane Valesca da Cunha Klein, Patrícia Pereira da Silva e Adriana Delmira Mendes-Polato.
Roberto Alajmo. As cinzas de Pirandello. Trad. Francisco Degani.
“Pirandello tinha uma certa consideração por si mesmo, e outra completamente diferente pelas pessoas que o circundavam. Certamente não lhe agradava morrer, especialmente para depois ser obrigado a deixar a gestão dramatúrgica da própria morte a pessoas incompetentes”.A mais pirandelliana das histórias, narrada com muito humor por Roberto Alajmo, e que talvez o próprio Luigi Pirandello teria gostado de contar, foi justamente a que aconteceu aos restos mortais do grande escritor siciliano. Foram três funerais e meio antes de finalmente encontrarem um local definitivo.
Cláudia Tavares Alves. Pasolini em polêmica: interlocuções de um intelectual corsário.
Em Pasolini em polêmica: interlocuções de um intelectual corsário entrevê-se, pelas páginas dos jornais italianos, uma verdadeira rede de debates em que Pasolini figura como peça de um quebra-cabeça mais amplo, no qual estavam envolvidos diversos escritores, intelectuais e jornalistas. Por um lado, trata-se da continuidade de uma tradição bastante presente na vida cultural italiana, na qual literatura e jornalismo caminham juntos há diversas gerações. Por outro, as rupturas realizadas por Pasolini nesse contexto nos revelam como sua atuação se particularizava em relação à esfera pública italiana dos anos 1970, questão central para a pesquisa que aqui se apresenta.
Jerzy Ficowski. A leitura das cinzas.Trad e org. Piotr Kilanowski
A leitura das cinzas (Odczytanie popiołów) é tido como um dos mais importantes livros de poesia sobre a Shoah escritos por um não judeu. O livro foi inicialmente editado em Londres, em 1979, já que na Polônia comunista a publicação de suas obras foi proibida, pois o autor fazia parte da oposição ao regime. A obra foi escrita ao longo de anos após a Guerra enquanto Ficowski, testemunha do Extermínio, soldado da resistência antinazista e prisioneiro dos campos alemães, tentava encontrar um modo de expressão adequado ao tema. O volume veio a lume após 11 anos de silêncio forçado e logo foi reeditado clandestinamente na Polônia. Um dos poemas incluídos no livro, Carta a Marc Chagall, publicado inicialmente em 1957, teve a honra de ser um dos dois textos de ficção (ao lado da Bíblia) que foram ilustrados pelo pintor destinatário daquela carta poética – fato que o poeta sempre considerou o maior prêmio artístico que poderia ter recebido em sua vida.
A diferencia del Zibaldone, que escrito entre julio y agosto de 1817 y diciembre de 1832, siguió la forma de un cuaderno privado de 4526 páginas, los Pensamientos fueron concebidos en la última etapa de la vida de Giacomo Leopardi, tal vez, entre 1831 y 1835 con la asistencia de su amigo Antonio Rainieri. Aunque el Zibaldone está en el origen de esta obra, Leopardi concibe los Pensamientos de manera autónoma y orgánica, con una forma nueva y un orden particular. A diferencia del tono confesional que predomina en el cuaderno de notas, en esta obra se destaca el rigor analítico. La enunciación impersonal de tono aforístico prevalece como exigencia moral y a través de ella el autor busca refutar las falsas ideas difundidas como verdades de su tiempo. Lo que se pone en evidencia, una vez más, en este conjunto de 111 pensamientos de variada extensión es la mirada aguda y la lucidez con la que Leopardi analiza su época. El texto recupera muchas de las ideas fundamentales que Leopardi tiene sobre el hombre, la naturaleza, la moral, la sociedad, razón por la cual podría leerse como un breve manual de “filosofía práctica” en el que se reconoce el enorme esfuerzo intelectual de un hombre que, como Leopardi, intentó esclarecer los errores y la falsedad de la vida humana en un momento fundamental de la cultura de Occidente, el paso del siglo XVIII al siglo XIX.
Postales Japonesas
Luigi Pirandello. O marido dela. Trad. Francisco Degani.
Silvia Roncella, uma escritora em ascensão; Giustino Boggiolo, modesto escrivão que se torna seu marido e agente literário disposto ao sucesso a qualquer custo, inclusive ser reconhecido pelo sobrenome dela, expondo-se à zombaria de todos. Pirandello coloca em cena temas extremamente atuais como a disputa entre os sexos e a afirmação de seus papéis, o conflito entre racional e irracional, o mundo das artes, do teatro e das aspirações artísticas diante da manipulação despudorada da cultura e da propaganda. Uma história dramática e engraçada, cheia de reviravoltas e surpresas onde nada, ou quase nada, é o que parece. Mas principalmente, como em outras obras do autor, há o contraste entre ser e parecer, entre como somos e como os outros nos percebem e, em última análise, como gostaríamos de ser, sem que seja possível encontrar uma saída para a forma em que estamos encerrados.
Cláudia Tavares Alves; Maria Betânia Amoroso (org.). Um intelectual na urgência: Pasolini lido no Brasil.
Resumo: Este livro reúne, em um mesmo volume, certa crítica brasileira que vem sendo escrita desde os anos 1960 sobre a obra e a figura do intelectual italiano Pier Paolo Pasolini. Para tanto, autores e autoras dos textos aqui reunidos foram convidados a adentrar o universo pasoliniano pela fresta que melhor lhes conviesse, traçando, dessa forma, rotas próprias pela obra do autor. Cinema, literatura, teatro, crítica, ensaísmo, enfim, percursos abertos pelo pensamento pasoliniano.
Wisława Szymborska Riminhas para crianças grandes. Trad. e org. Piotr Kilanowski e Eneida Favre.
Além de autora da singular poesia que conquistou o mundo, a polonesa Wisława Szymborska era também uma artista “arteira”. Este livro apresenta uma faceta da autora que é praticamente desconhecida do público brasileiro. Trata-se de uma seleta de traduções de suas brincadeiras poéticas, pois a poeta mantinha viva a criança interna, inventando novos gêneros de poesia nonsense (moscovinas, altruitinhas, melhoríadas, dasvodcas e escutações) e praticando gêneros já consagrados, como os limeriques. O livro é um convite para o leitor se surpreender, sorrir e, quem sabe, inspirar-se a criar suas próprias brincadeiras literárias. Além das riminhas, como as chamou a poeta, o livro contém também uma seleta de colagens de sua autoria. Todo ano Szymborska se fechava em seu apartamento, avisando que não receberia visitas, pois iria brincar de ser artista. Confeccionava então obras de arte plástica marcadas pelo senso de humor e sensibilidade plástica incomuns. As esmeradas colagens eram presentes para os amigos, sorrisos particulares que a poeta enviava como postais àqueles que lhe eram próximos.