Resíduos do humano | Residui dell’umano

03/07/2020 12:37

O sobrevivente do século XX é um homem dilacerado, o homem da contemporaneidade, momento em que as visões totalizantes (outra coisa são os totalitarismos) são colocadas em xeque, diante de um mundo em constante mudança que só consegue dar conta, quando dá, de pequenas partes, fragmentos, ruínas. Vestígios de um passado que resta e sobrevive, um leque ainda fechado que está para ser aberto. Um arquivo vivo, na desordem do nosso cotidiano, que só pervive por meio de um contato.  A literatura configura-se, então, como lugar de revolta da linguagem e lugar de revolta da história, da experiência. Ecos, vibrações, vozes silenciosas são movimentos, outras vidas e memórias de tempos naufragados. Um naufrágio que está ali, adormecido, talvez esquecido, mas pode vir à tona a qualquer momento. Eis a potência: pequenos cacos, restos, lidos por meio da escrita. “As ruínas são, como a arte, um convite para sentir o tempo”, segundo Marc Augé. O que está em jogo é o próprio processo do pensamento sobre os restos que se tem diante de si, e que podem alterar esse mesmo “si”. É esse saber de singularidades, colocado pela literatura, que se deseja aqui pontuar.

 

A segunda edição do livro em e-book está disponível aqui.

Este volume é fruto do I Colóquio Internacional do Núcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana (NECLIT), realizado com o apoio da CAPES, do CNPq e da FAPESC, de 20 a 24 de junho de 2016, na Universidade Federal de Santa Catarina.

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