Patricia Peterle | Universidade Federal de Santa Catarina
Patricia Peterle
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade de São Paulo
Atua no Dicionário Bibliográfico de Lit. Italiana Traduzida
Ministra o curso Conectando Culturas: o literário como dispositivo (PPG-USP)
https://orcid.org/0000-0002-8990-3702
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Projeto de Pesquisa | Conectando Culturas
Eugenio Montale: cartografias culturais vindas do Brasil
A circulação do nome de Eugenio Montale entre intelectuais brasileiros é mais do que significativa. Data de 1928 a primeira vez que seu nome aparece na imprensa brasileira, no jornal L’Imparziale da colônia italiana do Rio de Janeiro. Contudo, não se trata ainda de um artigo inteiramente dedicado ao poeta de Ossos de sépia. É quase constante nas décadas posteriores o nome de Montale em vários veículos de norte a sul do país, que perfilam uma imagem poliédrica do poeta italiano: de crítico de música, a tradutor de tragédias de Shakespeare, a poeta emblemático do hermetismo e a poeta antifascista. Essa presença tende a se intensificar com a tradução de alguns de seus poemas em jornais e revistas, e no início da década de 1970, já começam a aparecer algumas especulações relativas ao Prêmio Nobel, recebido em 1975. E é exatamente um ano depois da premiação sueca que começam a ser traduzidos alguns de seus livros: A borboleta de Dinard (1976), Poesias (1997), Ossos de sépia (2002), Diário póstumo (2001). Esse quadro inicial chama a atenção para uma questão a ser investigada: a repercussão das atividades e da obra de Montale, como poeta e intelectual reconhecido, inclusive por mediadores italianos ativos como Edoardo Bizzarri e Ruggero Jacobbi, se dá num plano paralelo e, a princípio, não apresenta nenhum elo com os fluxos tradutórios, que parecem apresentar, à primeira vista, um caráter aleatório. A proposta é cartografar a circulação da obra de Eugenio Montale, estudar e delinear a imagem que emerge do poeta genovês a partir do Brasil para “dar forma” a novas traduções possíveis. O objetivo principal que se desdobra é, então, refletir e analisar, tendo como ponto inicial uma figura tão emblemática para a poesia do século XX, os fluxos poéticos e tradutórios entre as culturas brasileira e italiana.