Encontro com o poeta Valerio Magrelli
Valerio Magrelli (Roma, 1957) é, sem dúvida, uma das grandes vozes do panorama literário italiano contemporâneo. Romano de nascença conta com 40 anos de uma carreira de grande repercussão entre o público em geral e a crítica mais especializada, sendo traduzido para diferentes línguas, dentre elas inglês, espanhol, francês. Poeta, tradutor e professor de literatura francesa na Università di Roma III, Magrelli é da mesma geração de outro poeta que vem ganhando espaço em nosso mercado editorial, Enrico Testa, também editado pela Rafael Copetti Editor.
30/10/2019
10h – Palestra de Valerio Magrelli: “Poesia, segno e disegno”, na sala Machado de Assis – CCE/UFSC
17h30 – Encontro com o poeta na Biblioteca do CIC
66 poemas é uma antologia que percorre seis livros e conta ainda com uma seção de textos inéditos. Os livros abarcam mais de quatro décadas de trabalho: Ora serrata retinae (1980), Naturezas e nervuras (1987), Exercícios de tiptologia (1992), Legendas para a leitura de um jornal (1999), Distúrbios do sistema binário (2006), O sangue amargo (2014). A palavra de Magrelli se abre para o diálogo com as de autores que lhe são caros: Rilke, Auden, Nabokov, Berkeley, Rousseau, Mandelstam, Michaux, Luzi, Caillois, Larkin, Nietzsche, Baudelaire, Montale, Dante, Pagliarani, Borges.
É a relação com o fora que deixa marcas na subjetividade inscrita nessas páginas, presente sim, mesmo sendo esgarçada despotencializada; trata-se de um eu que necessita da pluralidade para sua singularidade. No que diz respeito ao próprio trabalho com a língua poética, Magrelli afirmou na entrevista publicada em Vozes: cinco décadas de poesia italiana que: “Se a escritura é a ligação que une autor e leitor, se cada sociedade se estabelece com o compartilhamento de uma linguagem, a poesia tem a função de levar a comunicação ao seu limite último”.
Do ponto de vista poético, um livro riquíssimo, de muitas experimentações, diálogos com a tradição literária, em que Valerio Magrelli encena um fluxo contínuo e aporético: uma vez que, a poesia exige uma aproximação e, ao mesmo tempo, uma subtração diante dos materiais verbais do jogo do comércio cotidiano.