Encontros com Laura Pugno

04/11/2025 16:33


Nos encontros teremos conversas com a participação da autora e de convidados especiais para tratar dos seus dois livros traduzidos no Brasil:  Nós sem mundo (7Letras) e Branco (Urutau).

Teremos também a leitura de alguns trechos dos de Nós sem mundo (7Letras) e Branco (Urutau).


“Escreve, e pensa que a consciência se expande no corpo como se fosse um fluido, um líquido, uma luz. Como se tivesse um centro e uma periferia. E se ao contrário? Se viesse das pontas extremas – os dedos, os cabelos – do corpo, não seria um líquido, uma luz?”

“Laura Pugno nos oferece um exercício de ficção especulativa, na direção das propostas de Donna Haraway para Ficar com o problema em meio à crise do Antropoceno e das ideias de Ursula K. Le Guin da necessidade de uma nova teoria da ficção, de formas de narrar não lineares para contar a história da vida em sua diversidade. Na proposta de Pugno, as palavras se fundem, tatuadas, nas pessoas, e gravam-se também em línguas não humanas na diversidade das formas de vida que restam. Essas palavras formam textos em movimento, perecíveis, mutáveis, evocados (entre eles destaca O último dos moicanos, de James Cooper), que constituem o alicerce plural de um livro que ensaia múltiplas direções para o pensamento em alerta. Aqui se reúnem fragmentos de livros, rastros, citações de cientistas e poetas, como se fossem quipus, isto é, conjuntos de nós que guardam informação e sentido, aos quais a nova leitura (anacrônica, imprevista) confere clarividência. Um desejo apaixonado guia a reflexão: pensar o limite, pensar até o além, como na poesia, para superar as fronteiras do nosso mundo em desaparição, nós sem mundo: “encontrar um modo para pensar num outro modo como viver. Alguma coisa que ainda não tenha sido pensada. Pode fazer isso a poesia? Pode fazer isso a literatura?”           Meritxell Hernando Marsal 


                                                                                clareia,
toma uma luz
própria que vem de dentro,
filtrada, assim


você toca o clarão
vermelho sob a pele
clara das mãos, branca das mãos,
transparente

 

Roland Barthes, ao falar uma vez sobre o artista que mais amava, Cy Twombly, utilizou a categoria de rarus, em latim “o que tem intervalos ou interstícios”: “raro, poroso, espalhado é o espaço de Twombly”. Do poeta que foi seu mestre, Mallarmé, o grande pintor Cy Twombly, que chega na Itália saindo do outro lado do oceano, pegou a preferência pela cor mais rara, tão rara a ponto de se ter dificuldades para pensar nela como uma cor: branco. Branco é a cor da poesia, também porque suas palavras boiam raras, em geral, no espaço angustiado da palavra vazia. Uma coisa é certa, desde sempre: é a cor de Laura Pugno, cuja poesia tem como base — diz bem Patricia Peterle — o princípio da rarefação. O manto de neve deste livro extremo intitulado ao branco, ao modo oriental desde sempre próximo a esta escritora, é sinal de um luto impronunciável. E então me lembro de um poeta que, em sua obscuridade, parece o oposto de sua ofuscante limpidez; e que, ao contrário, se parece com Pugno, aqui, numa medida perturbadora: Paul Celan. Os rastros que adivinhamos na neve são como os de Robert Walser, fotografados no último passeio nas fronteiras do nada. Por sorte, no final, aflora o lampejo de algum calor. “A mente”, dizia Sirene [Sereias] — o livro que fez de Laura Pugno o que é —, “é vapor que se levanta de uma cumbuca de arroz”.    Andrea Cortellessa 


                                                


 Laura Pugno – (1970) nasceu e mora em Roma. Seus livros receberam prêmios na Itália e estão traduzidos para várias línguas. É uma das editoras da coleção I domani da editora Aragno. Organizou e idealizou o festival de poesia I quattro elementi (Madri 2018-2019) e o podcast Oltrelontano. Poesia come paesaggio. Escreve também para cinema e teatro. Faz parte do comitê do Prêmio Strega Poesia. Foi diretora do Istituto Italiano di Cultura de Madri. É tradutora do inglês, francês e espanhol. É possível acompanhar suas inúmeras atividades em www.laurapugno.it. 

Tarso de Melo – poeta e editor. Coordena o Círculo de Poemas, coleção de poesia da editora Fósforo. Doutor em Filosofia do Direito pela USP, atualmente realiza pós-doutorado em teoria literária na UNICAMP. É autor de “As formas selvagens da alegria” (Alpharrabio, 2022), entre outros livros.

Patricia Peterle – tradutora, poeta e professora da UFSC. É pesquisadora do CNPq. É uma das responsáveis pelo Dicionário da Literatura Italiana Traduzida (dblit.ufsc.br). Traduziu G. Pascoli, G. Caproni, E. Testa, V. Magrelli, M. G. Calandrone, A. Zanzotto, G. Agamben. É autora de À escuta da poesia (2023), Quando a língua bate (2024), Perdi o peão, mas aceito jogar (2024).

 

Claudia Lamego – Mestranda em Literatura da UFF. Jornalista com experiência no mercado editorial. Mediadora de clubes de leitura na Janela Livraria, no Clube F. da Bazar do Tempo, na Livraria Alento e no Instituto Italiano de Cultura (RJ). Também faz mediações em festivais como a Flip e a Bienal do Livro. Desde 2023, escreve a newsletter Os livros da Lamego.

Lucia Watagin – Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada e Livre-docente pela Universidade de São Paulo. É professora de Literatura Italiana na FFLCH-USP. Publicou pesquisas na área dos estudos de literatura italiana, da recepção e tradução da literatura italiana no Brasil e organizou edições em tradução brasileira de coletâneas de contos italianos e da poesia de Giuseppe Ungaretti, Dino Campana, Umberto Saba, Valerio Magrelli, Eugenio De Signoribus, Antonia Pozzi, Daria Menicanti.

Meritxell Hernando Marsal – professora no Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina. Sua pesquisa está voltada para as relações entre feminismos, literatura, tradução e poder. É tradutora do catalão em parceria com be rgb, e tem traduzido para o português obras de Maria-Mercè Marçal, Montserrat Roig, Marta Orriols e Eva Baltasar.

Tiago Pinheiro – professor de Teoria Literária do DLLV-UFSC. Pesquisa literatura latino-americana contemporânea e poesia brasileira. Atualmente prepara um livro sobre Patrícia Galvão.

Sergio Romanelli –  Professor Doutor, classe Associado IV DE, no Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina. Diretor do CCE. Tem experiência na área de Linguística aplicada ao ensino/aprendizagem de LE e tradução e em Crítica Genética.. Coordenador do NUPROC – Núcleo de Estudo de Processos Criativos (www.nuproc.cce.ufsc.br),. Tradutor (Virgillito, Alberti, Speroni, Espanca,,Twain, etc.) poeta e cantor.

Agnes Ghisi – mestre em literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atua como professora, revisora e tradutora. Traduziu textos de Giovanni Raboni, Patrizia Valduga e Cesare Pavese.


Gastone Novelli entre a Itália e o Brasil

26/09/2025 15:20

O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (IICSP), o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promovem no dia 9 de outubro a jornada de estudos “Gastone Novelli entre a Itália e o Brasil”. O evento, que acontece das 9h30 às 16h30 na sede do IICSP, integra a programação da Giornata del Contemporaneo e funciona como atividade paralela à mostra “A arte de viver ao Sol: Gastone Novelli no Brasil”.

  A jornada visa aprofundar a compreensão da complexa figura do artista italiano Gastone Novelli e investigar criticamente seus processos de produção da década de 1960, período marcado pela exploração da intrincada relação entre palavra e imagem em sua obra. O encontro reunirá pesquisadores brasileiros e italianos em um diálogo interdisciplinar sobre a produção artística de Novelli e sua relevância no contexto das relações culturais entre Itália e Brasil.

Para maiores informações, clique aqui.

24/09/2025 17:18

Chi traduce, non copia: rifonda. Non si limita a trasportare parole, ma crea ponti. Tra epoche, culture e, soprattutto, tra differenti visioni del mondo. È su questo sottile e profondo processo di mediazione che si concentrerà la giornata di studi e formazione L’Italia Tradotta: Flussi e Tendenze, un incontro dedicato al ruolo della traduzione come strumento privilegiato di scambio e risonanza culturale. Tradurre non significa soltanto passare da una lingua a un’altra: è un gioco di specchi, in cui ogni parola riflessa restituisce un’immagine leggermente diversa, arricchita dal nuovo contesto in cui prende forma. La vera sfida, allora, non è la fedeltà letterale, ma la fedeltà all’anima. E a prendersi cura di quest’anima è proprio il traduttore, figura spesso invisibile, eppure decisiva, che ridisegna i contorni di un’opera per renderla viva in un altro universo linguistico

Ora sono già disponibili sul canale NECLIT YouTube i video degli incontri

    

20/07/2025 11:09

Il volume Itinerari Transatlantici: Culture e letterature in dialogo tra Italia e Americhe nasce da una rete di ricerca internazionale dedicata allo studio dei flussi e degli scambi tra la cultura italiana e quelle latinoamericane. I saggi riuniti trattano di transiti e movimenti che attraversano la scrittura letteraria, consolidandola e trasformandola nel segno di una contemporaneità “porosa”, che segna i rapporti tra l’Italia e le culture di lingua spagnola, portoghese e inglese. In discussione vi sono gli archivi reali e immaginari di scrittori e artisti tra i due continenti, che nel loro laboratorio recuperano e ripropongono tali esperienze, senza trascurare il ruolo fondamentale dei passeurs, mediatori e agenti di questi incontri.

 

a cura di Andrea GialloretoPatricia PeterleAndrea Santurbano.

Cinco poetas italianas – laboratório de tradução

20/07/2025 10:59

O volume bilíngue Cinco poetas italianas é organizado por Patricia Peterle e Elena Santi. Com sensibilidade e vigor, os poemas de Maria Antonietta Torriani, Ada Negri, Amalia Guglielminetti, Maria Crisi Ginanni e Antonia Pozzi refletem as inquietações e as lutas de seu tempo, ao mesmo tempo em que ressoam de forma surpreendente no contemporâneo.

Cada poeta, com sua singularidade, contribui para compor um panorama multifacetado da poesia italiana feminina desse período. Os temas que emergem de seus versos – as angústias da modernidade, os conflitos sociais, o amor, o divino, a solidão e a busca por identidade – oferecem um olhar complexo e profundo sobre a experiência humana e feminina em um século de mudanças e rupturas.

O livro, fruto de um rigoroso trabalho de tradução coletiva no âmbito do projeto Conectando Culturas, traz dez poemas selecionados de cada autora, acompanhados de breves apresentações biográficas que contextualizam suas trajetórias. Mais do que uma antologia poética, este volume é um convite a uma viagem literária que atravessa épocas, linguagens e sensibilidades.

As tradutoras são: Patricia Peterle, Elena Santi,Lucia Wataghin, Erica Salatini, Jéssica Trombini, Ângela Prestes, Ana Luiza Prancic, Andreza Martins e Juliana Oliveira, Soraia Cristina Ribas Fachini Schneider e Júlia Bellei Xavier.

Veja a entrevista para a CBN-Floripa

L’Italia Tradotta

23/12/2024 16:12

L’idea di questo volume nasce da un progetto più ampio, quello del “Conectando Culturas”, promosso dalla Universidade Federal de Santa Catarina con l’appoggio del CNPq, che vede riunite in rete varie università italiane, brasiliane e argentine. Obiettivo principale è quello di pensare alle lingue e alle culture coinvolte come a delle diversità dialoganti, in grado di proporre delle visioni costruttive atte a comporre un tessuto di relazioni interculturali su cui poggiare un’effettiva inclusione sociale.

La lingua, insomma, o sarebbe meglio dire le lingue, nelle loro singolarità, sono viste come un suolo fertile che si fa terreno di confronto dialettico nel rispetto e riconoscimento dell’altro. Lingue che sono quindi mediatrici della cultura che veicolano e che necessariamente devono trovare un canale reciproco di dialogo, ruolo spettante per antonomasia alla traduzione.

La proposta che ha animato dunque la giornata “L’Italia tradotta” il 26 agosto 2024, presso l’Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro, di cui si raccolgono i contributi, è stata precisamente quella di discutere le modalità, alcune delle quali davvero originali, con cui il Brasile si è assunto il compito di traghettare una tradizione letteraria straniera, non potendo mancare un confronto con i problemi traduttivi posti da un importante paese vicino, l’Argentina.  Si ringrazia il direttore Marco Marica per l’appoggio e gli stimoli dati durante i lavori della giornata di studi.

    

Il libro è disponibile qui

Desarquivando Traduções | falam tradutores(as)

17/09/2024 23:37

 

Desarquivando Traduções é mais uma ação do projeto Conectando Culturas (CNPq), desenvolvido pelo NECLIT-UFSC. O objetivo, agora, é dar maior visibilidade ao tradutor e à tradutora e, ao mesmo tempo, oferecer um espaço de fala para comentários relativos ao processo tradutório. A ideia é ouvir a voz do tradutor ou da tradutora de um determinado livro, falando sobre o percurso entre as línguas neste complexo processo que é a tradução. A proposta é também trazer comentários a partir de um exemplo concreto desta experiência.

Tratando de autores clássicos e contemporâneos da literatura Italiana, se quer assim perpassar por algumas curiosidades e problemas inerentes ao campo da tradução e das literaturas em contato.

A coordenação do projeto é de Patricia Peterle e Graziele Frangiotti e a divulgação científica é de Ângela Prestes.

Os vídeos estão disponíveis no canal YouTube do NECLIT.

Portal Humanamente apresenta o DBLIT

16/07/2024 20:23

 

O portal Humanamente de divulgação científica em humanidades tem como destaque em nova reportagem o Dicionário Bibliográfico de Literatura Italiana Traduzida no Brasil (DBLIT), projeto contemplado pelo Edital Pró-Humanidades n° 40/2022 – CNPq.

A reportagem trata com detalhes o trabalho de pesquisadores e pesquisadoras desenvolvido no interior do projeto DBLIT, a “reestruturação do dicionário” (com inclusão de gráficos, verbetes, vídeos do youtube e outros), além dos importantes resultados do projeto alcançados até o momento. A professora e coordenadora do projeto, Patricia Peterle (UFSC), contribui para a reportagem com suas avaliações sobre o dicionário:

Para ler a reportagem, clique aqui no link.

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